sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Canadá: Kananaskis

Backcountry e um Happy Hour sobre 4 Rodas
Bakcountry and a Happy Hour Off Road


Salve Montanheiros!

Hoje eu preparei um post pra falar um pouco sobre nossa aventura (minha e dos caras que moraram comigo no Canadá, Simon, Mario e Taka) através da região conhecida como Kananaskis Country, que fica em meio às Montanhas Rochosas, na Província de Alberta, Canadá.

Típica paisagem da Smith-Dorrien Trail em Kananaskis
A região frontal de Kananaskis é chamada de Kananaskis Range, que é a primeira fileira da cadeia de montanhas, e a parte de trás dessas montanhas é conhecida como The Backcountry, ou seja, a parte mais inóspita da região...exatamente o lugar para onde nós estávamos indo!


Localização de Kananaskis Country no Mapa
Seguimos de carro pela estrada, que era toda de pedra, o que dava um ar mais desértico ao lugar
O termo Backcountry pode ser traduzido como "sertão", ou interior. Em outras palavras, eram as terras ermas de Kananaskis. Um lugar inóspito e sem habitantes, pois, segundo Dale (o pai da Host Family que eu morei) ninguém vivia no Backcountry.

Início do território do Backcountry
Nossa aventura começou em uma sexta-feira. Nossas aulas acabaram as 14h, e como de costume a galera da escola se juntava para ir ao Drake Inn (Pub mais famoso de Canmore, localizado na Main Street) tomar umas cervejas e comer asinhas de frango, as Chicken Wings (breja + 10 wings por CAD 10...mas este preço atrativo era apenas às quartas-feiras). Mas naquele dia o Dale havia se oferecido para nos levar para Kananaskis a fim de conhecermos a região. Ele era um cara super gente boa, pois ao passo que a escola e as agências cobravam cerca de CAD 100 por pessoa para cada passeio, ele se oferecia para levar nós 4 (Simon, Mario, Taka e eu) para os mesmos lugares, mas cobrando apenas o preço da gasolina do carro, o que para nós dava cerca de CAD 10 para cada. Em outras palavras, Dale era o cara!

A estrada que corta o Backcountry
Preparativos concluídos, mochila nas costas e claro, câmeras a postos! Partimos de Canmore por volta das 14h15 no carro do Dale. Era uma Van da Chevrolet que cabiam 13 pessoas. Dava pra levar a escola inteira, se bobear. Pegamos a Alberta Highway 742, conhecida como Spray Lakes Road, e seguimos direto pelo caminho que leva à entrada da trilha para o Ha Ling Peak e Grassi Lakes. A Smith-Dorrien Trail não é asfaltada, e tínhamos que seguir mais devagar, bem devagar. Mesmo de dentro do carro eu clicava para todas as direções. O reflexo do vidro impediu algumas fotos de ficarem boas, mas algumas eu colocava a cabeça pra fora do carro e clicava. Um dos primeiros "poços" que pararmos para clicar foi o Buller Pond. O Dale que usava a palavra poço para designar estes lagos. Talvez por serem pequenos demais, e não serem oriundos de geleiras, ou talvez pela água ter um aspecto um pouco mais turvo do que a grande maioria dos lagos das Rochosas Canadenses. O fato é que, mesmo assim, esses poços eram espetaculares.

O Buller Pond é um dos poços mais bonitos que encontramos, com reflexos marcantes e um verde profundo 

É possível avistar alguns bancos de madeira ao redor, além de um Campground para se apreciar a natureza
Detalhe para as montanhas ao fundo, que contrastam de forma rústica em relação à leveza das árvores
Buller Pond e suas águas rasas de coloração verde-esmeralda
Eu e o Dale conversando sobre as cores impressionantes do poço

GoPro fotografando o Buller Pond, eu fotografando a GoPro me fotografando, Simon e Dale
Última foto antes de pegarmos o carro e partirmos para a estrada novamente


Após deixarmos o Buller Pond, pegamos o carro e partimos novamente em direção ao sul. A estrada estava praticamente vazia, havendo apenas um carro à nossa frente, que vez ou outra, perdíamos de vista. As montanhas eram majestosas, e muitas estavam cobertas de branco nos cumes devido à nevasca ocorrida há algumas semanas. Na base das Rochosas haviam inúmeras árvores coníferas formando aquele infinito tapete verde que congelava os olhares por tamanha beleza. Entramos em uma bifurcação ao lado direito da estrada (lado direito para quem vai para o sul - lado esquerdo para quem observa o mapa em sua orientação padrão) e então demos de cara com o Mud Lake.


Mud Lake e a mesa solitária

O Mud Lake é talvez o maior dos lagos do Backcountry, e por isso leva o nome Lake, e não Pond. O visual dele é magnifíco, tanto que ficamos parados por mais tempo, sentado exatamente neste banco da foto acima, admirando suas águas e as montanhas ao redor. Os caras sabiam fazer aquela brincadeira com as pedrinhas, de tacar na água e fazê-las quicar. Eu ficava só observando porque não tinha o menor jeito pra coisa. O Dale, com seu jeitão quieto, ficava com as mãos no bolso e parado, como se tomasse conta das crianças à beira do lago.


A coloração vibrante das folhas no outono em contraste com o clima melancólico do lago
Ficamos por volta de 20 ou 25 minutos contemplando o Mud Lake. Não havia mais ninguém. Éramos apenas nós e o silêncio do Backcountry. Deixei minha GoPro Hero 3+ no TimeLapse, enconstada na mesa e com a parte de baixo do GoPole como se estivesse sentada em um dos bancos, virada para o lago. Enquanto isso a outra GoPro (até então eu também tinha a Hero 2) clicava de outro ângulo, enquanto a Nikon buscava ao longe os picos rochosos das montanhas de Kananaskis.

Splash nas águas frias do Mud Lake

Enquanto Simon, Mario e Taka se divertiam com as pedras, eu lotava Dale de perguntas sobre a região, cultura local, reservas indígenas e tudo o que era pertinente ao lugar. Sempre fui um cara estudioso em História e Geografia (o que me ajuda e me faz caminhar com segurança por locais que nunca visitei) e toda informação era digna de atenção. O Dale era um cara sério, mas de vez em quando dava umas gargalhadas altas, e depois parava subitamente. Ele colecionada pedras, fósseis e várias outras coisas oriundas de tempos jurássicos ou que estivesse em seu mais puro estado selvagem (conversado ou não), e eu como sou um cara que também curte essas coisas (junto com minha mãe) nossas conversas iam longe. Como eu estudava muito antes de falar sobre um assunto, isso causava admiração nele, e acho que isso ajudava na hora dele me dar corda (mais do que pros outros caras).


Eu com meu inseparável GoPole e o Taka, com sua Pentax
Depois de muito conversarmos, era hora de partir novamente. O clima começava a ficar frio, pois devia ser por volta de umas 16h, e o céu ficou um pouco nublado. Dirigimos e conversamos bastante e então paramos para descer novamente. Desta vez, havia um "estacionamento" mais adaptado à beira da estrada, e uma pequena trilha que cruzava o mato alto do lado oeste da rodovia. Descemos e encontramos novamente uma mesa solitária, desta vez dando de cara com o Wedge Pond.

Muito prazer, Wedge Pond
Wedge Pond é sem dúvida um dos poços de Kananaskis que mais chama a atenção à primeira vista. Não sei se foi pelo fato de que chegamos bem ao entardecer, o que nos proporcionou uma vista inenarrável do poço em meio ao pôr do sol, fazendo com que as folhas e árvores amarelas do outono ficassem ainda mais amarelas.

Descendo a trilha até o poço
Descemos a trilha e colocamos nossos pertences sobre a mesa solitária à beira do poço. Novamente éramos os únicos ali, e ficamos sentados por uns 20 minutos contemplando o pôr do sol no Wedge Pond.

Hipnotizado com a beleza selvagem de Kananaskis
Descansando à beira do Wedge Pond
Tivemos uma das melhores tardes que poderíamos ter no Backcountry. As Rochosas Canadenses provaram que seu clima pode mudar diversas vezes em um único dia, e mesmo num dia não muito bonito, o sol pode dar as caras no final da tarde transformando um "simples" poço em uma paisagem digna de porta retrato.

Pôr do Sol no Wedge Pond
Última Selfie antes de colocar o pré na estrada
Subimos a trilha de volta ao carro e uma coisa me chamou a atenção. Inúmeras margaridas dançavam soltas em meio ao vento da tarde, e em uma delas uma pequena abelha brincava ziguezagueando para lá e para cá. Reservei-me no direito de clicar o que a natureza nos proporcionava, desde a magnitude das montanhas e lagos até a ínfima dança de uma pequena abelha no interior de uma pequena flor.

Foto tirada milésimos de segundos antes da abelha saltar e sumir no ar
Era hora de pegarmos o carro novamente e partir para a estrada. Deixamos para trás os lagos e poços para pegarmos a Smith-Dorrien Trail em direção ao sul mais uma vez, mas desta vez para seguirmos para casa. Dale dirigiu tranquilo, e vez ou outra avistávamos um animal ou outro na estrada (nada de Ursos pardos ou Alces). Foi então que Dale, com sua visão além do alcance, conseguiu avistar ao longe, na beira de um rio, um animal de grande porte. Ele e o Rob, o outro proprietário e pai da segunda Host Family que morava com a gente na mesma casa, tinham a capacidade de conseguir enxergar animais na estrada mesmo estando muito longe, e ainda hoje eu me pergunto como esses caras conseguiam tal proeza. Provavelmente isso se explica pelo fato dos caras terem vivido praticamente a vida inteira nas Montanhas Rochosas.

O que esses caras estão fazendo no meu território?
Era uma Alce Fêmea! Era enorme, praticamente do tamanho de um cavalo médio. Estava distraído mas logo percebeu a nossa presença. Em poucos minutos, percebemos que ela estava com seu filhote, e ambas estavam bebendo a água no rio tranquilamente.


Ao passo que avançávamos o Backcountry mostrava-se ainda mais inóspito

Após ficarmos observando a Alce Fêmea por longos minutos, pegamos a estrada novamente, mas dessa vez sem olhar para trás. Cruzamos a Smith-Dorrien Trail rumo ao sul até contornarmos a primeira cadeia de montanhas a leste e depois ao norte.

Última foto das estradas do Backcountry
Tendas na Reserva Indígena de Kananaskis
Quando subíamos a estrada rumo ao norte, cruzamos uma Reserva Indígina. Haviam inúmeras tendas, as quais chamavam bastante a atenção por sua beleza e sua decoração. Esta foi a minha última foto tirada após testemunharmos a vastidão do Bakcountry e das regiões inóspitas que regem Kananaskis Country.

Bem, isso é tudo pessoal!
Nossa aventura pelo Backcountry rendeu um Haapy Hour diferente, cheio de histórias para contar e de fotos para apreciar!

Espero que tenham gostado!

Até a próxima!





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